Era apenas um Talvez

Sunday, July 30, 2006

Um copo de vinho
Uma lágrima

Dias vieram em que o burburinho dos bares soava como boa companhia
E a cheia lua enamorava o copo já pela metade
Dias vieram em que o melindre foi única veste
E o tinir de garrafas ao chão lembrava vagamente o espedaçar da própria vida

Uma lágrima no copo
Um vinho bebido

Dias vem em que as chamas quase apagadas são atiçadas pelo álcool bordô
E a lua galanteadora reflete, distraída, as dolorosas chagas no corpo que ergue o copo
Dias vem em que as lembranças afogam mais que o próprio pranto
E a fantasmagórica sombra consola a solidão ao abrir a porta de casa

Um outro copo de vinho
Uma vida posta neste copo
Uma lágrima no vinho

Passos suados. Olhos arregalados. Toco pele tua num esbarro. Finjo embaraço. Lágrimas murchas respingam calçadas quaisquer. Letreiros continuam capitalizando o mundo e a mim. Vontade de morar no copo plástico com aguardente do mendigo ao lado, naquela esquina que me veria pela última vez.

Eu era minha eu era tua
era de todo e qualquer ser
Eu era linda eu era nua
era crua e amanhecer
Eu era sonhos eu era vida
era vestidos e batons
Eu era sussurros eu era pêlos
[era apenas um cruzar de pernas no banco de um ônibus lotado.]

Sunday, July 09, 2006

Senti nos olhos fundos e insones
lágrima
corredeira fazendo de meus poros veias
procurando abrigo em pulsante coração.
Sexta-feira
para mim não é feira
tão taciturno corpo aparenta
ciumenta de dias burburinho raptados de sorrateiro
numa valsa e dois pulinhos
Era ninho
entendi que o buscava
noites avessas
Revessas
emendadas com terças
virava a rezar
Foi um passo
contradança e embaraço
em mim comigo descalço
sambando naquela quente calçada
me vi na esquina aos trapos.