A Menina, que sonha não ser mais criança, dança descontroladamente pelo seu quarto feito de algodão doce e amarga solidão. Seus pés parecem querer parar, mas sua alma incansável deseja se libertar e voar, voar, voar... e também dançar, dançar, dançar.... Seus olhos conseguem refletir a agonia e egoísmo dos outros seres que assim como a Menina também são humanos. Mas, ao contrário dela são muito pequenos. Ela queria saber o porquê da existência de suas dores e aprender como desenhar, perfeitamente, nas brancas paredes seus verdes cabelos – misto de esperança plácida e rebeldia inconsciente de si. Aquele quarto se considerava seu Universo, talvez, por nunca tê-la visto mais sair de lá desde do dia em que quebrou um dos dedos da mão esquerda quando rodopiava com um saboroso pirulito imitador de arco-íris. A música a envolvia de súbitos prazeres. Transportava-a para o interior de algo que vagamente lembrava serem suas fantasias, deixando-a por lá perdida. Ela tinha um imenso desejo de se encontrar nesse labirinto azulado (única maneira de viver sem o constante atormento da morte).
Antes de se encarregar desta louca tarefa de encontrar-se, apenas dançava...